Incêndio - 2 Porque o pior pode estar para vir..
Um autarca da zona centro do país, com a moral e a autoridade de quem está a viver no terreno o drama dos incêndios que estão a reduzir a cinzas todo o país, em poucas palavras e com rara lucidez, perante as câmaras das televisões, teve a coragem de dizer que todos nós, mas mesmo todos, somos culpados por esta vaga de incêndios que partindo do Norte, está a arrasar todo o país, pelo que mais do que saber de quem é a culpa desta tragédia, é importante e urgente dentro do possível começar a reparar o prejuízo e a preparar o futuro, prejuízos que são incalculáveis especialmente para as pessoas, a manutenção dos animais, para o ambiente, as florestas, as águas, as infraestruturas produtivas, agrícolas e industriais.
Se as leis que nos regem e a constituição (sempre a constituição!) que nos governam se representam como entraves, então que se revoguem as leis e se suspenda a constituição, ou que dela se faça sei lá o quê, porque há coisas que não podem esperar e tem que ser resolvidas e já.
O mais importante é que todos os responsáveis, em vez de continuarem em discussões inúteis sobre o que se fez, não se fez ou devia ter sido feito, do que se fez bem ou que se fez mal é que se preocupem séria e honestamente com o que realmente interessa ao país e as pessoas.
Os animais, a remoção das cinzas, as casas ardidas, os pomares calcinados, estruturas como estradas, saneamento básico, abastecimento de água, a energia e a reposição das comunicações têm que ser repostas imediatamente.
Porque como diz o nosso povo: “o tolo calado por sisudo é tomado”, das oposições, se não conseguiram ou se não querem, não podem ou não as deixem fazer mais nada do que criticar e aproveitar as desgraças para mandar umas bocas nas televisões, bocas que não levam a lado nenhum, fingindo que realmente nada de grave tenha acontecido e de que nada é com elas, pelo menos uma vez na vida, tenham o bom senso de ficar caladas, fazer a sua autocrítica, bem como assumirem as suas responsabilidades para dar provas da sua capacidade de num futuro próximo poderem ser chamadas a dar corpo a uma alternativa credível de governo.
Do governo que, pelo voto do povo, nas eleições de março viu renovado e confirmado seu mandato, espera-se e exige-se que sem preocupações de caráter eleitoralista, tenha sempre como únicas e grandes preocupações consolidar o patrimônio nacional, garantir a segurança das pessoas e dos seus bens, tarefas estas que, nas atuais condições não serão nada fáceis, cujo sucesso só será possível com o envolvimento sério e honesto de todo o país e a utilização responsável e criteriosa dos meios técnicos, materiais e humanos disponíveis.
Doa a quem doer, porque “quem o inimigo poupa nas mãos lhe morre”, por mais que isto possa ferir um certo espírito puritanista e hipócrita que por aí campeia livremente, há pelo menos duas coisas que têm que ser feitas, mas já:
Que todos os criminosos que, não sabendo com que intenção e ao serviço de quem, continuam impunemente a incendiar as nossas florestas, sejam punidos, sem dó nem piedade, antes que o nosso povo perca a cabeça e os lance de mãos atadas para o meio da fogueira;
Porque ontem já era tarde, se comece imediatamente a desenvolver um processo eficiente de limpeza das florestas e não esperar que, no verão do próximo ano, o país volte a ser confrontado com as mesmas dificuldades, os mesmos incêndios e as mesmas desculpas que na prática não resolvem nada. (Continua