Nuno Moreno explica passagem a vereador independente pela “inviabilidade” da relação” com a nova presidente da Câmara
Nuno Moreno, o vereador eleito pela lista do Partido Socialista à Câmara de Bragança, que se desvinculou e assumiu o cargo de vereador independente, explica a sua saída pela “inviabilidade” da relação, quebra de confiança e lisura. “Em primeiro lugar, houve uma grave e irreparável quebra de confiança, lealdade e lisura política, e, sobretudo, pessoal, com a nova Liderança do Executivo Municipal, leia-se, Prof. Isabel Ferreira, atual Presidente da Câmara de Bragança, que tornou insustentável qualquer relação de trabalho e política sob orientações diretas da mesma", refere num comunicado enviado ao Mensageiro.
Esta rutura, segundo o vereador independente, manifestou-se através de “um isolamento/afastamento ativo e intencional e de um corte total de comunicação no período de pré-campanha e campanha, que [o] afastou dos processos de construção e decisão, diários, da candidatura e do projeto político”.
No seu entender, esta tática teve vários objetivos, nomeadamente a criação de vazio de confiança.
“Fui colocado, progressivamente, numa posição de não-informado e não-participante nas decisões diárias e nas cruciais”, diz.
A marginalização terá sido utilizada "como arma". “O isolamento visou fragilizar-me, pessoal e politicamente, para justificar a minha exclusão da equipa e da liderança”, indicou.
A falsa narrativa. “O mais grave foi a disseminação de um falso pretexto — de falta de empenho e trabalho — que visou minar a minha reputação pública e silenciar o meu trabalho de fiscalização”, acrescenta”, acrescenta.
O estilo de liderança e o que designa “autocracia e culto de personalidade", são também apontados por Moreno.
"Em segundo lugar, a minha opção decorre de uma profunda falta de identificação com o perfil e estilo de liderança, e o modo de relacionamento pessoal e comportamental da Prof.ª Isabel Ferreira, designadamente, não me revendo na excessiva centralização na pessoa da liderança, sem partilha, sem discussão das metodologias ou estratégias políticas, no estilo autocrático e impositivo das orientações e decisões tomadas, na visão utilitarista da pessoa e consequente desconsideração da condição do outro, e na idolatria e culto de personalidade na gestão de liderança”, acrescenta.
Nuno Moreno explica a sua atitude por “um ato de consciência escolher Bragança perante a escolha entre manter uma lealdade a uma liderança que não praticou a lisura e violou a confiança", e na qual diz não se rever, "ou ser leal aos eleitores que [o] elegeram”, referiu na mesma nota.
“E, por isso, não me sinto enfraquecido, mas sim mais livre para ser útil. A minha independência é, na verdade, uma vantagem para o município", frisa.
Nuno Moreno foi vereador socialista na Câmara de Bragança no mandato 2017-2021, “sem o apoio efetivo da Concelhia”, salientou.
A nova presidente da Câmara de Bragança garante que não leu o comunicado.
A nova presidente da Câmara de Bragança garantiu que não leu o comunicado. “Não li, ninguém do executivo leu, nem tenciona ler. Porque já gastamos demasiada energia e tempo em assuntos que não interessam para Bragança”, afirmou Isabel Ferreira em declarações ao Mensageiro.
A autarca disse ainda que o fundamental é o foco do executivo “no que realmente importa”, acrescentado que “é ter condições de estabilidade governativa e condições para começar a trabalhar em força", indicou.
A nova presidente esclareceu que o Executivo é totalmente novo. "Há muitos processos para nos inteiráramos e, sobretudo, conseguir implementar aquilo que fomos falando no nosso programa eleitoral, que é o compromisso que temos para com todos os munícipes”.
Reafirmando mais uma vez o compromisso “de empenho e trabalho”, a autarca admite que “não vale a pena perder tempo com assuntos insignificantes”, vincou Isabel Ferreira.
