O flagelo da falta de professores
(continução da edição anterior)
Todos estes problemas, identificados, facilmente, por qualquer pessoa que queira ser séria e não partidário e não embarque no discurso da difamação dos professores, só podiam desembarcar no futuro trágico, como o que se está a viver agora (há pelo menos 3 ou 4 anos a esta parte). Lembro-me que na altura cheguei até a dizer que em 2025 não haveria professores e que passaríamos por uma crise semelhante à que a Inglaterra viveu no início deste século e para onde foram lecionar muitos dos nossos professores de português inglês e até outros que falassem bem inglês (convalidando aquela teoria que diz que os problemas em Portugal chegam 20 anos depois).
Depois há, também, a questão da forma como os professores vêm a ser tratados e desrespeitados há anos quer pela tutela, quer pela opinião pública, pelos alunos e pais, que não percebem que as moscas se apanham com mel não com fel. (Recordo uma ministra que até disse com a arrogância que a caracteriza que podia “ter perdido os professores, mas tinha ganho a opinião pública”. Esta frase terrível, convalida bem a teoria do dividir para reinar e da inveja que falei atrás).
Depois os baixos salários (o vencimento do início da carreira docente - que é o que nessa fase faz falta, é inqualificável), não davam nem dão para pagar casas em certos sítios.
Outro problema é o andar com a casa às costas todos os anos, mostrando a enorme instabilidade laboral que a classe tem.
Todos estes problemas recorrentes (ano após ano), mais a falta de educação e respeito que se foi criando nas escolas para com os professores, concorreram para o afastamento de muitos professores e muitos milhares nem sequer chegaram a ser professores, pois não estavam para andar todos os anos neste rodopio, de não terem vaga ou a fazer substituições, porque o ME não abria vagas e preferia meter 30 alunos numa turma); ou porque nessa instabilidade viam, que não poderiam sequer constituir família ou os que a tinham, estarem sempre longe dela, a ganhar, miseravelmente, e a ter de suportar a má educação e até violência que muitos deles sofr(e)iam.
Ora, estes são, entre outros, os reais problemas que traduzem a falta de professores, actualmente.
Mas, há uma coisa que quem está ligado à educação sabe: é que não há falta de professores formados e com prática pedagógica integrada. Eles não querem (porque, entretanto, começaram outra vida) é vir para um sistema com os problemas que estou a descrever. Porém, se o governo quiser pode resolver melhor a actual situação. É só tentar “chamar” todos os milhares de professores que se formaram e que, hoje, têm outra profissão. No entanto, para que alguns desses professores voltem, o governo precisa de “abrir os cordões à bolsa” e respeitar, valorizar e credibilizar a função docente…Eu sei quais eram as medidas, mas eu não sou governo e não sei se o governo (este ou outro qualquer), quer na verdade que isso aconteça.
Concluindo, este problema terá tendência a agravar-se, se só ficarem à espera dos que agora começam os cursos. Esses se não virem melhorias e valorização na carreira não quererão ser, seguramente, professores!
Muito mais tenho escrito sobre isto, como é publico, mas tal como todos os que escrevem sobre educação sabemos, isso não é imprescindível nem importante para quem manda. Disse!